26/07/2016

CONSIDERAÇÕES FINAIS, REFERÊNCIAS E ANEXO - UDESC

Material Extraído dos Cadernos Pedagógicos da UDESC
CONTEÚDO E METODOLOGIAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Elaboração
Isabel Cristina da Cunha
Janice Miot Silva
Marise Borba da Silva
Colaboração
Maria Juliani Nesi
Florianópolis, junho de 2003.


CONSIDERAÇÕES FINAIS I


Chegamos ao final do primeiro Caderno da disciplina Conteúdos e Metodologias do Ensino de Ciências. Por ora, precisamos considerar que tudo o que discutimos aqui é essencial para ajudar você a compreender a importância do ensino de Ciências na formação das crianças, desde suas representações iniciais sobre o mundo em que vivem.
O que buscamos trabalhar neste Caderno? Procuramos registrar, sobretudo, que é importante nunca esquecer que o ensino de Ciência deve iniciar-se nos primeiros anos de vida das crianças através de simples observações sobre fenômenos da natureza e sua relação com a vida, no dia-a-dia, e como desenvolvimento da própria sociedade, mediante a aprendizagem de noções básicas que começam com a observação desses fenômenos e a resolução de problemas práticos enfrentados no cotidiano. Queremos deixar claro que o professor precisa promover novas formas de pensar tais fenômenos, dinamizando condições para a construção de novos conceitos sobre a participação na vida prática e o acompanhamento das mudanças que nela vão acontecendo, principalmente com a introdução das novas tecnologias. Os conteúdos, por sua vez, devem ser bem articulados com a vida das crianças e precisam ser vistos, não como um mero agregado de informações, precisam fazer sentido para essas mesmas crianças em sua unidade. Eles têm um caráter histórico, e existe uma relação íntima entre essa história o caráter científico, à medida que foram se constituindo no tempo e à medida que são ensinados. Não se trata, portanto, de conceitos, idéias, noções etc., que sempre existiram na sua forma atual, noções assimiladas na família ou na comunidade ou mesmo em livros didáticos: os conteúdos não são estáticos e definitivos e vão sendo elaborados e reelaborados conforme as necessidades práticas de cada época histórica e conforme os interesses sociais que vigoram em cada organização social. Existe, ainda, o fato de que esses conteúdos devem ter sua importância pan atender a necessidades práticas da vida social, como os problemas sociais, o desenvolvimento da ciência e da tecnologia, as necessidades humanas básicas etc., de modo que a criança, ao estudá-los, tenha consciência disso. Essa será a preocupação do Caderno II desta disciplina, visando a apresentar alguns conteúdos que são fundamentais para a iniciação científica e a formação de conceitos-chave que podem ser construídos desde a Educação Infantil, para alicerçar outros conceitos mais complexos, como é próprio do conhecimento científico, o qual, como a própria palavra diz “ciência”, exige muita ciência, não apenas aceitando esse conhecimento como certo, mas o compreendendo e podendo nele intervir. Nesse aspecto, chamamos sua atenção “dizendo” algo que, com certeza, você já ouviu muitas vezes: não existe uma fórmula ou receita ideal para se ensinar Ciências.
Ao trabalharmos alguns aspectos históricos da Ciência, as características que a diferenciam do senso comum, as concepções que a nortearam através dos tempos e sua relação com a tecnologia, cada vez mais estreita, e com avanços em um ritmo cada vez mais acelerado, devemos ter sempre muito presente a nossa responsabilidade como educadores, no sentido de que, muitas vezes, teremos de fazer a opção por uma visão de Ciência mais adequada às necessidades de nossos alunos, para que possam apropriar-se do conhecimento científico-tecnológico e discutir sobre questões sociais, políticas, éticas relacionadas a esse conhecimento.
Convém lembrar que, na medida em que entra em contato com a disciplina e aprofunda o conhecimento do que é “Ciência”, o aluno aprimora a compreensão sobre a importância do meio ambiente em que vive, facilitando sua convivência na sociedade. Conhecendo melhor seu meio, ele se torna um sujeito capaz de perceber-se como ser integrante desse contexto e das intenções que nele ocorrem, podendo ser um agente de transformação.


CONSIDERAÇÕES FINAIS II


O estudo que ora se encerra almeja ter contribuído para dar início a uma reflexão mais constante sobre a importância de se ensinar Ciências, demonstrando que o conhecimento científico está decisivamente presente no cotidiano das pessoas, influenciando no seu nodo de viver e condicionando a formação de uma visão de mundo, O que se buscou, embora não se tenha esgotado o assunto, foi relacionar o ensino de Ciências à necessária preocupação com a formação dos Conceitos científicos e, também, reforçar a necessidade de que haja maior atenção ao ensino de noções básicas de Física, Química e Biologia, familiarizado as crianças, sem que as intimidemos com abstrações e formulações que elas são ainda incapazes de entender.
Por isso, é preciso reconhecer que a Ciência é parte da nossa vida cotidiana e que seu ensino é obrigatório desde a infância. E possível, assim, desmistificar falsas idéias de que a Ciência é só para cientistas ou para adultos privilegiados que possam apropriar-se de seus complexos conceitos. Ora, vimos que conceitos importantes da Química, tais como estrutura e composição da matéria, pureza, mistura e combinação, entre outros, podem ser trabalhados a partir de um contexto significativo para as crianças, sem que seja por um caminho por demais complexo. Assim é, também, com a Física e com a Biologia.
Vimos, no estudo dos dois Cadernos, I e II, que o conhecimento científico é um produto que se desenvolveu lenta e gradualmente pela acumulação de pesquisas, invenções e descobertas sucessivas feitas por grandes pensadores do passado e cientistas do presente. Vimos, também, que a mesma Ciência que pode tornar a vida de milhões de pessoas mais confortável, tem sustentado também cenários bastante dramáticos que puseram - e estão pondo, em certos casos - em risco a sobrevivência das espécies. Temos um deslumbrante mundo de ricas tecnologias, avanços na medicina, na indústria, na agricultura, na comunicação etc, sem falar no conforto e bem - estar que passamos a ter. Mas existem, também, na outra página, tristes casos de miséria, de fome, de poluição, de surtos de epidemias, de erosões, de tráfico e consumo de drogas, de guerras e muitos outros exemplos.
Todas essas questões têm conseqüências pedagógicas profundas, o que convém perguntar: “Como estão sendo formadas nossas crianças na Escola Fundamental? Como estão sendo preparadas para a sociedade informatizada desse final de século? Como estão sendo educadas pata ‘navegar’ no mar de informações produzido pela explosão de conhecimentos que presenciamos? Como estão sendo preparadas para avaliar e atuar na solução dos enormes problemas ambientais que as esperam?” Tais questões sequer sairão das pautas, caso o conhecimento científico ensinado na escola seja ainda mal digerido, pouco assimilado e rapidamente esquecido, sem que assegure um papel integrador e utilizado no dia-a-dia pelo cidadão comum.
Realizando atividades significativas com as crianças, discutindo com elas problemas do dia-a-dia, fazendo-as pensar sobre as coisas da natureza, do seu mundo, chegar a conclusões coerentes a partir de premissas, questionar preconceitos, dinamizar o equilíbrio entre novas idéias e o conhecimento anteriormente estabelecido já contribui para ultrapassarmos o ensino informativo, pois, muito mais que um simples arquivo de conhecimentos, a Ciência é também uma ação humana e, como tal, se insere na história. A integração das idéias científicas com as idéias que o aluno traz para a escola é fundamental para o avanço do conhecimento. Saber, não é apenas recitar nomes e mais nomes; é poder construir modelos, construir conceitos e combinar outros que pertencem a disciplinas diferentes, situando-se em um processo de formação Permanente que não se limita à escola. Também é preciso que o aluno tenha prazer e alegria em aprender, de tal forma que o ensino de Ciências abra espaço para o lúdico e contribua para a educação da sensibilidade e do afeto. Um ensino de Ciências que pretenda contribuir para a construção do conhecimento, interpretação e atuação no mundo contemporâneo não pode ignorar tais questões.
Para encerrar, queremos recomendar que você não se conforme com o conteúdo apresentado nos dois Cadernos estudados - I e II -, e vá mais além. Nem tampouco tome os conceitos aqui colocados como verdades absolutas. Estude, leia, pesquise, reflita e forme seu ponto de vista, aprofundando-se cada vez mais nos caminhos das ciências, pois muito se tem falado e criticado, mas pouco se realiza em termos de melhoria do ensino de Ciências na escola.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS I

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS II

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ANEXO

Sugestão de conteúdos de Ciências que você pode discutir com seus colegas, sendo importante que comparem com propostas oficiais, tendo-as como referência, também, para a elaboração de um Programa de Ciência adequado à realidade escolar.

O Universo:
·         Teorias a respeito da origem do Universo
·         Corpos celestes que formam o Universo
·         Sistema Solar e Planeta Terra
·         Noção de espaço e de tempo
·         Forças físicas que interagem no Universo (gravidade, eletricidade, magnetismo, força nuclear etc)

A matéria que compõe o Universo:
·         Estrutura e composição da Matéria
·         Diferentes tipos de matérias
·         Diferentes estados da matéria
·         Mistura e combinação: a matéria em transformação

A vida:
·         Teorias a respeito da origem da Vida
·         A vida no planeta Terra
·         Caracterização de ser vivo
·         Diferentes ecossistemas
·         Relações harmônicas e desarmônicas na natureza
·         Conceito de saúde relacionado à qualidade de vida
·         Importância da ciência e da tecnologia no cotidiano

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