15/08/2014

A CONCEPÇÃO SISTÊMICA: A TENTATIVA DE UMA VISÃO UNIFICADORA DA RELAÇÃO HOMEM-NATUREZA

Material Extraído dos Cadernos Pedagógicos da UDESC
CONTEÚDO E METODOLOGIAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS

Elaboração
Isabel Cristina da Cunha
Janice Miot Silva
Marise Borba da Silva
Colaboração
Maria Juliani Nesi
Florianópolis, junho de 2003.

A CONCEPÇÃO SISTÊMICA: A TENTATIVA DE UMA VISÃO UNIFICADORA DA RELAÇÃO
HOMEM-NATUREZA

Objetivo específico:
entender a difusão do pensamento sistêmico, relacionando-o com a manifestação dos fenômenos em sua unidade.

Em uma breve recapitulação do que estudamos na seção anterior, lembramos que nos séculos
XVI e XVII, a noção de universo “orgânico, vivo e espiritual”, foi substituída pela noção do mundo como uma máquina, tornando-se a metáfora dominante da era moderna. Essa mudança radical foi realizada pelas novas descobertas na física e na matemática, conhecidas como Revolução Científica e associadas aos nomes de Copérnico, Galileu, Descartes, Bacon e Newton.
A representação criada por Galileu e Descartes - o mundo como uma máquina perfeita governada por leis matemáticas exatas - foi completada de maneira triunfal por Isaac Newton, cuja grande síntese, a mecânica newtoniana, foi a realização que coroou a Ciência do século XVII. Todos os objetos e todos os fenômenos - assim como suas propriedades e também nossas experiências e conhecimento a respeito deles são compostos dos elementos menores, que são partes consideradas indivisíveis. Foi assim que sucedeu com a Física (que durante o período mecanicista ocupava lugar de destaque entre as ciências), afirmando que todas as coisas são compostas por partículas indivisíveis de matéria, chamadas átomos; com a Biologia, em que a célula foi reduzida ao menor ‘elemento’ vivo; e com a Química, na ênfase às substâncias elementares, as moléculas. Assim ocorreu também com outras ciências, inclusive as sociais, em que os indivíduos seriam os componentes menores da sociedade etc...
Sob a ótica da visão mecanicista racionalista, fortaleceu-se o exercício de controle e dominação da natureza e do homem pelo próprio homem, a como foi demonstrado pelo desenvolvimento das aplicações tecnológicas, muitas delas altamente benéficas como também ameaçadoras. Pensemos agora: Qual foi o contexto gerado em decorrência dessa concepção?
Tivemos um fim de século XX repleto de preocupações como meio ambiente, problemas globais, danos à biosfera e à vida humana, enfim com uma série de problemas que abalam a humanidade. Esses problemas devem ser vistos no seu inter-relacionamento, sem o que o conhecimento que poderemos ter deles não será adequado à solução dos problemas apontados, ficando seriamente comprometida a vida das futuras gerações no Planeta. Contudo, o final do século XX e o início do século XXI, face ao quadro referido, estão sendo marcados pelo reconhecimento de que é necessária uma profunda mudança de percepção e de consciência para garantir a sobrevivência humana e o desenvolvimento social, indicando que esses problemas não deverão mais ser entendidos e tratados isoladamente, uma vez que são problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são interdependentes.
Assim é que, na segunda década do século XX, passa a imperar uma filosofia fortemente orientada em termos de processo, o que dá fundamento ao biólogo austríaco Ludwig Von Bertalanffy (ano) para formular o pensamento sistêmico à luz de um modelo científico explicativo do comportamento de um organismo vivo. Tal pensamento, que enfatiza o aspecto processual, foi amplamente reconhecido e difundido devido à necessidade de síntese e integração que faltava nas concepções anteriores, sobre a relação homem-natureza. A motivação principal foi, portanto, a busca de novas leis mais aplicáveis ao estudo dos seres vivos em sua relação com o ambiente, menos afetadas pela rigidez das leis da física clássica newtoniana e, portanto, mais favoráveis ao conhecimento das complexas relações e interações imbricadas.
Para você compreender melhor o que significou a nova visão, um sistema pode ser definido como a relação entre coisas que interagem, um conjunto de elementos de um todo interligados e coordenados entre si, ou seja, um todo organizado, formado por elementos interdependentes, que está rodeado por um meio exterior (ambiente).
Como você pode ver, um sistema não se reduz, portanto, a um mero agregado, uma vez que esse agregado está circunscrito a uma idéia de totalidade em que as partes estão conectadas e partilham de funções ou propriedades internas. Essa abordagem consiste na consideração de que todos os fenômenos ou eventos se interligam e se interrelacionam de uma forma global; tudo é interdependente. Por sua vez, a visão de mundo tornou-se mais abrangente, o ‘todo’ da era das máquinas passou a ser ‘parte’ na era dos sistemas.
Veja bem: não se nega a existência das partes, apenas se muda a direção do olhar, um olhar que se preocupa com o sistema maior do qual o particular objeto ou fenômeno é parte; um olhar que tenta compreender as propriedades que emergem das relações entre os diferentes elementos do sistema e que, não existem por si só em nenhum elemento em particular. Chamamos de propriedades emergentes, as que aparecem quando os elementos interagem. No procedimento analítico da ciência, no entanto, são estudados os elementos em sua particularidade, as propriedades emergentes que caracterizam as inter-relações entre os fenômenos não são percebidas, consideradas, nem, tampouco estudadas.
Pensemos, para ilustrar o que foi dito, em uma planta qualquer. Pensemos nessa planta como um sistema linear, tal como nos foi dado a conceber mediante uma visão reducionista, que se pauta na linearidade e na redução das coisas maiores às menores. Pois bem! Podemos prever o desenvolvimento dessa planta, linearmente, através das funções realizadas por seus órgãos (raiz, caule, folha, flor, fruto etc) e do seu crescimento: uma planta dividida em partes que executam determinadas funções, numa ordem que se inicia, quase sempre, da raiz às flores e ao fruto, até chegar à semente. Observe que uma parte não se relaciona à outra e nem mesmo as funções se ligam.
Uma vez que nada se relaciona a nada, a idéia do ‘todo’ que esse conjunto representa fica de lado. Não foi assim que você aprendeu? No entanto, sabemos que uma planta não funciona dessa maneira: há muito mais fatores que influem no desempenho de seus órgãos e no seu crescimento, e qualquer diferença nos processos iniciais de seu desenvolvimento, por exemplo, a submissão da planta a uma intensa falta de chuva, acarreta um resultado totalmente diferente daquele que seria esperado no modelo linear. Então, pensar numa planta é pensar num sistema não-linear, como a maioria dos sistemas encontrados em nossa vida: o seu desenvolvimento não é tão simples de prever.
A idéia de que a natureza é ‘bem comportada, que impregna o senso comum, registra a utilização de modelos lineares, que limitaram o estudo dos fenômenos naturais por muitos anos, eliminando uma incrível possibilidade e variedade de transformações nos fenômenos estudados. Assim, nas Ciências Naturais, numa abordagem sistêmica, cada objeto ou fenômeno passou a fazer parte de um todo maior; esse ‘todo’ deve ser considerado antes das partes de um objeto particular ou fenômeno em estudo, sem perdê-las, no entanto, de vista nem em suas relações entre si e com esse todo.
Para você ter uma idéia do que essa mudança representou, o corpo humano, por exemplo, passou a ser visto como um conjunto de órgãos, e não como mera soma de partes’, fragmentadas e isoladas uma das outras, como antes se pensava na visão reducionista, mecanicista. No enfoque sistêmico, não se concebe mais analisar as partes do corpo separadamente, já que um órgão interfere no funcionamento de outro e no funcionamento do corpo em geral. Além disso, o desempenho de um sistema depende, também, de seu relacionamento com o ambiente que é o sistema maior no qual ele está integrado. Isto significou colocar as partes - subsistemas - no contexto de um todo - sistema - mais amplo com base na consciência da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos físicos, químicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, etc.
A partir do sistemismo, começa-se a falar numa causalidade sistêmica que seria bem diferente da causalidade atomicista, linear, e diferente de uma lógica concreta e racional, distante, pois, da lógica mecanicista cartesiana. Isso significa pensar numa rede de conceitos e modelos interligados sobre as coisas, fatos e fenômenos, pois o pensamento sistêmico é contextual, ou seja, o oposto do pensamento analítico, requerendo que, para se entender alguma coisa, é necessário entendê-la como tal e em um determinado contexto maior, ou seja, como componente de um sistema maior, que é o seu também chamado ambiente.

Criosidades: a partir da concepção sistêmica, desenvolveu-se o Holismo ou Movimento Holístico (considerado de base vitalista), muitas vezes confundidos com ‘Sistemismo’. O Holismo dá prioridade ao sistema em detrimento dos subsistemas, representando uma visão unicista do todo, sem explicar nem comprovar as causas, as origens e a composição do todo.

Imagine você o choque que a compreensão de que os sistemas são totalidades integradas e que não podem ser entendidas pela análise provocou na Física! Desde Newton, os físicos pensavam que todos os fenômenos físicos poderiam ser reduzidos às propriedades de partículas materiais rígidas e sólidas, podendo ‘quebrar’, reduzir o todo até a parte menor, que é exatamente o efeito do Reducionismo (é verdade que é mais fácil entender partes menores, o raciocínio é bem menos complexo do que quando se lida com um todo - sistema). Na visão mecanicista, o mundo é uma coleção de objetos que, naturalmente, interagem uns com os outros, havendo relações entre eles, mas, na visão sistêmica, os próprios objetos são mais do que isso, ou seja, ainda que sejam subsistemas, são vistos numa rede de relações, imbricadas em redes maiores. Para o pensador sistêmico, essas redes de relações são fundamentais, os sistemas são complexos de elementos colocados em interação, formados de componentes ou elementos.

Saiba mais...
Grandes nomes, além de Bertalanffy, que se destacaram em seu envolvimento com o sistemismo, foram Fritof Capra, Ilya Prigogine, Jeremy Rifkin, Mano Bunge, Humberto Maturana e Francisco VareIa (chilenos), Edgar Morin, Henry Atlan, entre outros.

A contribuição epistemológica do Sistemismo tem sua importância na área da Comunicação, no campo das Ciências Naturais e no das Ciências Sociais, permitindo reintegrar os conhecimentos como um todo coerente. Essa nova visão reconduz o homem a sua posição e ao seu papel no Universo e na Natureza. Alargar nosso pensamento, em termos de visão sistêmica, nos ajuda a entender a inter-relação existente entre o sistema humano e o sistema natural (meio ambiente), bem como as inter-relações existentes dentro cada um desses sistemas e suas interações com isso, pode-se ter uma idéia de como eles são formados, quais são suas tendências no futuro, como são organizados e quais são seus potenciais.
O conhecimento científico passa a ser compreendido, cada vez mais, como uma rede de concepções e modelos Todas as propriedades dos objetos e fenômenos estudados resultam da relação entre essas propriedades e delas com outros subsistemas, num sistema em que só assim fazem sentido. A descrição depende do observador, podendo ser uma descrição limitada, aproximada e sujeita a ser reformulada ou superada por outra mais abrangente.
A proliferação das disciplinas tem expandido o saber humano, principalmente a partir da revolução científica, e acelerado o ritmo das inovações crescentes. Torna-se difícil, assim, para o educador, a completa e constante atualização na sua área de atuação, em que o papel mais destacado tem sido o da informática na organização e na estrutura do ensino atual. Com base na visão sistêmica, a proposta é que o professor organize e problematize conteúdos de modo a promover o desenvolvimento intelectual do aluno na sua construção como ser social. A idéia mais freqüente é que os conteúdos sejam divididos em blocos, tais como: Vida e Ambiente, Ser Humano e Saúde, Terra e Universo, Tecnologia e Sociedade, a serem desenvolvidos no decorrer dos níveis de ensino, de acordo com a capacidade de compreensão dos alunos. Nesse caminho, aponta-se que os conteúdos trabalhados por temas facilitam o trabalho interdisciplinar em Ciências. Nesse sentido, convém salientar que são muitas as denominações que resultam a partir de iniciativas dessa natureza: currículo transdisciplinar, interdisciplinar, multidisciplinar e pandisciplinar, que representam diversos modos possíveis de abordar a relação homem-mundo na trama do conjunto do conhecimento humano.

Vamos rever brevemente esses conceitos?
A transdisciplinaridade diz respeito ao que está, ao mesmo tempo, entre as• disciplinas, através das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas; seu objetivo é a compreensão do mundo presente, e visando à unidade do conhecimento.
A interdisciplinaridade diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina a outra; recorre a urna conexão entre disciplinas, engendrando unia integração real e urna troca enriquecedora de conhecimentos, na medida em que revisitam os métodos umas das outras e os seus próprios, em uma determinada abordagem.
A multidisciplinaridade diz respeito a uma justaposição de várias disciplinas em função da realização de um determinado trabalho, sem implicar coordenação ou um relacionamento mais profundo entre as mesmas; ou seja, é o estudo de um objeto sob diversos ângulos, mas sem pressupor um acordo ou um rompimento de fronteiras entre as disciplinas.
A pandisciplinaridade (pan=totalidade) visa a uma representação do conhecimento como um todo, apresentando inumeráveis dimensões para dar conta das relações entre os elementos da realidade complexa e não claramente distinta, o que permite que a representemos por um sistema complexo.

A questão, porém, é a de que a consciência desse caráter, seja interdisciplinar, transdisciplinar ou outra denominação, numa visão sistêmica, não ignore o caráter necessariamente disciplinar do conhecimento científico e complemente motive e promova, efetivamente, a inter-relação entre os fenômenos. Nessa direção, nos últimos anos, em particular no Brasil, várias têm sido as iniciativas tomadas para dinamizar currículos que possam ser efetivamente aplicados e que superem a apresentação tradicional de conteúdos de forma seqüencial e linear. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), por exemplo, e outras propostas estaduais, trazem indicativos de como é possível construir currículos que apresentem um caráter que os aproxime da pandisciplinaridade, sendo este currículo uma representação de todas as possíveis relações entre as partes do conhecimento construído pelo homem.
A concepção sistêmica pode ser um importante, e não o único, e decisivo meio de desenvolver princípios unificadores que conectem e interconectem o universo das Ciências individuais, aproximando os alunos da unidade da Ciência, desde que a realidade apreendida seja dinâmica, não fragmentada, percebida de forma histórica e com fundamentos restritos a múltiplas dimensões da realidade natura) e social. É necessário, para que o sistemismo avance como concepção que oriente nosso trabalho com as Ciências Naturais, que nós, educadores, ampliemos o nosso foco de análise, buscando integrar diferentes aspectos do fenômeno que queremos conhecer ou que precisamos apresentar as nossas crianças. Isso exige, sim, um caráter inter e multidisciplinar (ou outra denominação) em nossa investigação e em nossa reflexão sobre o tema tratado, integrando necessariamente disciplina e outros quadros teórico-conceituais e metodológicos, para que não pensemos o mesmo como um sistema que determina e é determinado por dinâmicas mais ou menos conhecidas e esperadas, portanto, de forma determinística. Assim parece ter sido a prática de ensino de Ciências na escola.
Refletindo sobre essas questões, nos damos conta de que precisamos trabalhar com as crianças, desde muito cedo, para que se percebam integrantes, dependentes e agentes transformadores do ambiente, sendo capazes de identificar seus elementos e as interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio ambiente. Ao mesmo tempo em que enveredamos por tal caminho, também estamos possibilitando que os alunos possam tornar-se “alfabetizados em ciências” por proporcionar-lhes a oportunidade de pensar de forma crítica sobre conceitos científicos de que ouvem falar e de questioná-los. Desse modo, estaremos contribuindo com nossos alunos para a construção de uma “nova” forma de entender os fenômenos que ocorrem no dia-a-dia, em sua dinamicidade (sejam eles físicos, químicos, biológicos ou sociais), levando em conta não apenas as relações causais entre elementos ou subsistemas componentes, mas considerando-os em relação ao sistema como um todo. Assim acontece, por exemplo, quando desejamos que nosso aluno compreenda que a Terra é um planeta dinâmico e que a relação entre os seus oceanos, a atmosfera e a vida terrestre é incrivelmente complexa. Essa conquista implica em que nosso aluno averigúe e ‘destrinche’ a relação que é interessante não apenas para a Ciência, mas crucial para a nossa sobrevivência finura.
Mas você deve estar se perguntando: como proceder? É preciso, sobretudo, conceber a vida como um todo unitário, pois isso nos dá uma nova visão e a possibilidade de percebermos fenômenos e detalhes que nos escapam no estudo de diferentes aspectos da realidade. Nesse caso, é importante que o meio seja entendido como um conjunto de elementos, fenômenos, acontecimentos, fatores e/ou processos de diversas naturezas que nele ocorrem e onde a vida, de modo geral, e a ação das pessoas têm lugar e adquirem significado. É fundamental, no entanto, não esquecer que, embora o meio desempenhe um papel que influencia sobremaneira a vida, a experiência e a atividade humana, esse meio sofre, ao mesmo tempo, transformações contínuas mediante essa ‘troca’ recíproca.
É essencial que o aluno conheça o meio, partindo da observação e da análise dos fenômenos, dos fatos, enfim, de situações que o permitam melhor compreender tais fenômenos e fatos, mediante sua conseqüente intervenção crítica. Intervir criticamente deve significar para o aluno que ele é capaz de analisar e conhecer as condições e as situações em que somos afetados pelo que acontece no meio, significando, também, intervir no sentido de modificar esse meio, o que implica em processos de participação, organização, defesa, respeito etc. em relação a este. Lembramos que os alunos trazem para a escola um conjunto de idéias, preconceitos, representações, disposições emocionais e afetivas e modos de ação próprios. A partir dessas condições, o aluno é gradativamente conduzido à compreensão, à reelaboração, à tomada de decisões e à construção de uma linguagem progressivamente mais rigorosa e científica. Nessa perspectiva, o fato de conhecer melhor o meio pode dar origem a inquietações de caráter pessoal e/ou social que envolvam a necessidade de resolução de problemas, a concepção e o desenvolvimento de projetos e a realização de atividades investigativas, entre outras. Essas experiências implicam e, ao mesmo tempo, potencializam situações de observação e análise, de comunicação e expressão, de intervenção e até, porque não, de trabalho de campo, apontando para iniciativas de permanente pesquisa e experimentação.
Ao proceder dessa forma, é fundamental que você se utilize de métodos ativos, em situações de observações e de experimentação, em situações artísticas (músicas, desenhos), lúdicas (jogos, brincadeiras), literárias (textos, historinhas, rodas de contos) etc., para que os alunos se interessem pelo conteúdo e superem abordagens fragmentadas, buscando a interdisciplinaridade ou multidisciplinaridade (relacionando o conteúdo estudado a diferentes saberes disciplinares e considerando as diferentes formas de aborda-lo). Para o desenvolvimento dessa prática, torna-se fundamental que você envolva seus alunos no planejamento e execução de experiências elementares e investigações que podem realizar, partindo do seu cotidiano, de fenômenos que lhes são comuns, de questões que os preocupam, de experiências vividas em trabalho de campo (como passeios e visitas que podem ser feitos dentro e fora da escola), de conceitos que lhes são prévios e da sua representação, no intuito de ampliar e rever esses conceitos, bem como de introduzir conceitos novos.

Importante: seus alunos sempre estão em contato com a natureza (em casa, no caminho de casa para a escola, na praia, no sítio etc.) e é preciso melhor aproveitar esses momentos. Levar as aulas de Ciências, restritas à sala-de-aula, para a vida prática do aluno, onde ele possa experimentar, ver, tocar, ouvir, cheirar, provar; motiva e complementa seu aprendizado em sala de aula e contribui para a formação científica inicial e melhor entendimento do que as Ciências Naturais estudam (objetos, seres, fatos e fenômenos da natureza como um todo, suas características específicas e sua relação uns com os outros). Esses espaços, bem utilizados, assim como a apresentação de questões do cotidiano cujas respostas precisam da Ciência, o estabelecimento de comparações entre o modo como vivemos hoje com o que vivíamos no passado (referência à vida dos pais ou avós das crianças) e a discussão dos problemas relacionados ao meio ambiente apóiam o ensino de Ciências. É de grande valor, também, oferecer aos alunos a realização de atividades investigativas que lhes permitam apropriar-se de procedimentos científicos básicos para construírem conceitos e estabelecerem ligações entre eles de forma a compreenderem os fenômenos e os acontecimentos observados, desse modo, possibilitando um melhor conhecimento, compreensão e domínio do mundo que os rodeia.
Consideramos que é preciso, urgentemente, trabalhar Ciências Naturais com crianças, reconhecendo que a análise sistêmica em si é muito interessante para se estudar os sistemas físicos e vivos, para que estes não estejam limitados ao que é básico saber sobre eles; daí a importância representa recorrer a quadros teóricos e metodológicos nas diferentes disciplinas para, de forma multi ou interdisciplinar e integrada, dar conta da complexidade dessas relações.
Essa iniciativa pode conduzir à necessária integração na educação científica. Tudo parece representar um esforço para estabelecer laços entre idéias e teorias enunciadas desde campos muito distintos do conhecimento, bem como um esforço para buscar formas de relação entre teoria e prática e, por último, para estabelecer relações entre profissionais procedentes de diversos campos, com um entusiasmo comum: o de contribuir com seu esforço intelectual, sua cultura e seu compromisso pessoal para colaborar na troca entre o social, o educativo e o meio ambiental. Estudamos uma concepção que vem tendo grande repercussão junto ao Ensino de Ciências. Esperamos que essa concepção tenha trazido novidades a você e que você se sinta motivado a aprofundar seus conhecimentos sobre ela. Vamos, agora, aplicar o que você aprendeu.

ATIVIDADE 1
- COMENTADA

A vida, um sistema muito dinâmico!

Esse assunto é extremamente interessante! A vida se mantém graças à troca incessante de matéria e energia. Considerando que o pensamento sistêmico - ou visão sistêmica - representou uma profunda revolução na história do pensamento científico, como você conceberia, de uma nova forma, a resposta para tais questionamentos: O que são Produtores e Consumidores? Por que há presas e predadores na natureza? Por que uns animais são herbívoros e outros, carnívoros? Porque outros, ainda são tanto carnívoros quanto herbívoros (ou seja, são onívoros)?
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Comentário: na abordagem sistêmica, as partes (subsistemas) só fazem sentido e só podem ser entendidas a partir da visão inicial de um todo muito dinâmico, ou seja, não há subsistemas isolados. A unidade de todas as coisas, porém, não significa que não haja diferença entra elas; Por isso, a análise pode ser deixada de lado. Aquilo que denominamos partes ou subsistemas é apenas um padrão numa teia inseparável de relações. Os organismos vivos, sejam as presas e os predadores, enquanto herbívoros,carnívoros ou onívoros, são sistemas abertos porque precisam ser realimentados pelo fluxo contínuo de matéria e energia obtida a partir de suas trocas com o meio ambiente e da sua relação uns com os outros, constituindo um sistema complexo. Isso não acontece numa ordem linear, numa relação do causa-efeito, como é normalmente, colocado nos livros didáticos, exemplificado ABAIXO.

Capim ® gafanhoto ® lagarto ® cobra

Trata-se aqui de uma cadeia alimentar como se fosse uma seqüência simples, linear de simples transferência de energia entre os organismos de comunidade, passando numa relação de causa-efeito do produtor aos outros seres vivos da cadeia. Ora, o próprio ato de alimentar-se desses seres, por exemplo, ti uma atividade continua, complexa e altamente organizada, fora dos padrões de compreensão mecanicista. A análise, nesse caso é necessária, sim, pois significa ‘especificar’ alguma coisa a fim de entender, por exemplo, qual o papel do produtor nesga cadeia; mas, é necessário ir alem, pensando sistemicamente, o que significa colocar essa cadeia em um contexto mais amplo, explicando as coisas a partir da interação sistêmica entre componentes, do contexto de múltiplas relações. Os seres, cm todos os níveis, são sistemas vivos interagindo, redes em que cada ‘nó’ representa um organismo na perspectiva do todo. Precisamos entender as transformações que ocorrem nesse vasto sistema, para entender a dinâmica da própria vida.

ATIVIDADE 2 – RESPONDA

Cite exemplos de conteúdos e atividades que podem ser desenvolvidas de modo:

  1. Multidisciplinar:
  2. Interdisciplinar:
  3. Transdisciplinar:
  4. Pandisciplinar:

Obs. Não esquecer de justificar porquê se enquadram em cada modelo pedagógico.

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