Material
Extraído dos Cadernos Pedagógicos da UDESC
CONTEÚDO
E METODOLOGIAS DO ENSINO DE CIÊNCIAS
Elaboração
Isabel Cristina da Cunha
Isabel Cristina da Cunha
Janice
Miot Silva
Marise
Borba da Silva
Colaboração
Maria Juliani Nesi
Maria Juliani Nesi
Florianópolis,
junho de 2003.
A CONCEPÇÃO SISTÊMICA: A TENTATIVA DE UMA VISÃO
UNIFICADORA DA RELAÇÃO
HOMEM-NATUREZA
HOMEM-NATUREZA
Objetivo específico: entender a difusão do pensamento sistêmico, relacionando-o com a manifestação dos fenômenos em sua unidade.
Em uma breve recapitulação do que estudamos na seção anterior, lembramos que nos séculos XVI e XVII, a noção de universo “orgânico, vivo e espiritual”, foi substituída pela noção do mundo como uma máquina, tornando-se a metáfora dominante da era moderna. Essa mudança radical foi realizada pelas novas descobertas na física e na matemática, conhecidas como Revolução Científica e associadas aos nomes de Copérnico, Galileu, Descartes, Bacon e Newton.
A representação criada por Galileu e Descartes - o mundo como uma máquina perfeita governada por leis
matemáticas exatas - foi completada de maneira triunfal por Isaac Newton, cuja grande síntese, a
mecânica newtoniana, foi a realização que coroou a Ciência do século XVII.
Todos os objetos e todos os fenômenos - assim como suas propriedades e também nossas experiências
e conhecimento a respeito deles — são compostos dos elementos menores, que são partes consideradas indivisíveis. Foi assim que
sucedeu com a Física (que durante o período mecanicista
ocupava lugar de destaque entre as ciências), afirmando que todas as coisas são
compostas por partículas indivisíveis de matéria, chamadas átomos; com a
Biologia, em que a célula foi reduzida ao menor ‘elemento’ vivo; e com a
Química, na ênfase às substâncias elementares, as moléculas. Assim ocorreu
também com outras ciências, inclusive as sociais, em que os indivíduos seriam
os componentes menores da sociedade etc...
Sob a ótica da visão mecanicista racionalista, fortaleceu-se o exercício de
controle e dominação da natureza e do homem pelo próprio homem, a como foi demonstrado
pelo desenvolvimento das aplicações tecnológicas, muitas delas altamente
benéficas como também ameaçadoras. Pensemos agora: Qual foi o contexto gerado
em decorrência dessa concepção?
Tivemos um fim de
século XX repleto de preocupações como meio ambiente, problemas globais, danos
à biosfera e à vida humana, enfim com uma série de problemas que abalam a
humanidade. Esses problemas devem ser vistos no seu inter-relacionamento, sem o
que o conhecimento que poderemos ter deles não será adequado à solução dos
problemas apontados, ficando seriamente comprometida a vida das futuras
gerações no Planeta. Contudo, o final do século XX e o início do século XXI,
face ao quadro referido, estão sendo marcados pelo reconhecimento de que é
necessária uma profunda mudança de percepção e de consciência para garantir a
sobrevivência humana e o desenvolvimento social, indicando que esses problemas
não deverão mais ser entendidos e tratados isoladamente, uma vez que são
problemas sistêmicos, o que significa que estão interligados e são
interdependentes.
Assim é que, na
segunda década do século XX, passa a imperar uma filosofia fortemente orientada
em termos de processo, o que dá fundamento ao biólogo austríaco Ludwig Von
Bertalanffy (ano) para formular o pensamento sistêmico à luz de um modelo
científico explicativo do comportamento de um organismo vivo. Tal pensamento,
que enfatiza o aspecto processual, foi amplamente reconhecido e difundido
devido à necessidade de síntese e integração que faltava nas concepções
anteriores, sobre a relação homem-natureza. A motivação principal foi,
portanto, a busca de novas leis mais aplicáveis ao estudo dos seres vivos em
sua relação com o ambiente, menos afetadas pela rigidez das leis da física
clássica newtoniana e, portanto, mais favoráveis ao conhecimento das complexas
relações e interações imbricadas.
Para você
compreender melhor o que significou a nova visão, um sistema pode ser definido
como a relação entre coisas que interagem, um conjunto de elementos de um todo
interligados e coordenados entre si, ou seja, um todo organizado, formado por
elementos interdependentes, que está rodeado por um meio exterior (ambiente).
Como você pode
ver, um sistema não se reduz, portanto, a um mero agregado, uma vez que esse
agregado está circunscrito a uma idéia de totalidade em que as partes estão
conectadas e partilham de funções ou propriedades internas. Essa abordagem
consiste na consideração de que todos os fenômenos ou eventos se interligam e
se interrelacionam de uma forma global; tudo é interdependente. Por sua vez, a
visão de mundo tornou-se mais abrangente, o ‘todo’ da era das máquinas passou a
ser ‘parte’ na era dos sistemas.
Veja bem: não se nega a existência das partes, apenas se muda a direção do
olhar, um olhar que se preocupa com o sistema maior do qual o particular objeto
ou fenômeno é parte; um olhar que tenta compreender as propriedades que emergem
das relações entre os diferentes elementos do sistema e que, não existem por si
só em nenhum elemento em particular. Chamamos de propriedades emergentes,
as que aparecem quando os elementos interagem. No procedimento analítico da
ciência, no entanto, são estudados os elementos em sua particularidade, as
propriedades emergentes que caracterizam as inter-relações entre os fenômenos não são percebidas, consideradas, nem,
tampouco estudadas.
Pensemos, para ilustrar o que foi dito, em uma planta qualquer. Pensemos
nessa planta como um sistema linear, tal como nos foi dado a conceber mediante
uma visão reducionista, que se pauta na linearidade e na redução das coisas
maiores às menores. Pois bem! Podemos prever o desenvolvimento dessa planta,
linearmente, através das funções realizadas por seus órgãos (raiz, caule,
folha, flor, fruto etc) e do seu crescimento: uma planta dividida em partes que
executam determinadas funções, numa ordem que se inicia, quase sempre, da raiz
às flores e ao fruto, até chegar à semente. Observe que uma parte não se
relaciona à outra e nem mesmo as funções se ligam.
Uma vez que nada se relaciona a nada, a idéia do ‘todo’ que esse conjunto
representa fica de lado. Não foi assim que você aprendeu? No entanto, sabemos
que uma planta não funciona dessa maneira: há muito mais fatores que influem no
desempenho de seus órgãos e no seu crescimento, e qualquer diferença nos
processos iniciais de seu desenvolvimento, por exemplo, a submissão da planta a
uma intensa falta de chuva, acarreta um resultado totalmente diferente daquele
que seria esperado no modelo linear. Então, pensar numa planta é pensar num
sistema não-linear, como a maioria dos sistemas encontrados em nossa vida: o
seu desenvolvimento não é tão simples de prever.
A idéia de que a natureza é ‘bem comportada, que impregna o senso comum,
registra a utilização de modelos lineares, que limitaram o estudo dos fenômenos
naturais por muitos anos, eliminando uma incrível possibilidade e variedade de
transformações nos fenômenos estudados. Assim, nas Ciências Naturais, numa
abordagem sistêmica, cada objeto ou fenômeno passou a fazer parte de um todo
maior; esse ‘todo’ deve ser considerado antes das partes de um objeto
particular ou fenômeno em estudo, sem perdê-las, no entanto, de vista nem em
suas relações entre si e com esse todo.
Para você ter uma idéia do que essa mudança representou, o corpo humano,
por exemplo, passou a ser visto como um conjunto de órgãos, e não como mera
soma de partes’, fragmentadas e isoladas uma das outras, como antes se pensava
na visão reducionista, mecanicista. No enfoque sistêmico, não se concebe mais
analisar as partes do corpo separadamente, já que um órgão interfere no
funcionamento de outro e no funcionamento do corpo em geral. Além disso, o
desempenho de um sistema depende, também, de seu relacionamento com o ambiente
que é o sistema maior no qual ele está integrado. Isto significou colocar as
partes - subsistemas - no contexto de um todo - sistema - mais amplo com base na
consciência da inter-relação e interdependência de todos os fenômenos físicos,
químicos, biológicos, psicológicos, sociais e culturais, etc.
A partir do sistemismo, começa-se a falar numa causalidade sistêmica que
seria bem diferente da causalidade atomicista, linear, e diferente de uma
lógica concreta e racional, distante, pois, da lógica mecanicista cartesiana.
Isso significa pensar numa rede de conceitos e modelos interligados sobre as
coisas, fatos e fenômenos, pois o pensamento sistêmico é contextual, ou seja, o
oposto do pensamento analítico, requerendo que, para se entender alguma coisa,
é necessário entendê-la como tal e em um determinado contexto maior, ou seja,
como componente de um sistema maior, que é o seu também chamado ambiente.
Criosidades: a partir da concepção sistêmica, desenvolveu-se o Holismo
ou Movimento Holístico (considerado de base vitalista), muitas vezes
confundidos com ‘Sistemismo’. O Holismo dá prioridade ao sistema em detrimento
dos subsistemas, representando uma visão unicista do todo, sem explicar nem
comprovar as causas, as origens e a composição do todo.
Imagine você o choque que a compreensão de que os sistemas são totalidades integradas
e que não podem ser entendidas pela análise provocou na Física! Desde Newton,
os físicos pensavam que todos os fenômenos físicos poderiam ser reduzidos às
propriedades de partículas materiais rígidas e sólidas, podendo ‘quebrar’,
reduzir o todo até a parte menor, que é exatamente o efeito do Reducionismo (é
verdade que é mais fácil entender partes menores, o raciocínio é bem menos complexo do
que quando se lida com um todo - sistema). Na visão mecanicista, o mundo é uma coleção de
objetos que, naturalmente, interagem uns com os outros, havendo relações entre
eles, mas, na visão sistêmica, os próprios objetos são mais do que isso, ou
seja, ainda que sejam subsistemas, são vistos numa rede de relações, imbricadas
em redes maiores. Para o pensador sistêmico, essas redes de relações são
fundamentais, os sistemas são complexos de elementos colocados em interação,
formados de componentes ou elementos.
Saiba mais...
Grandes nomes, além de Bertalanffy, que se destacaram em seu envolvimento com o
sistemismo, foram Fritof Capra, Ilya Prigogine, Jeremy Rifkin, Mano Bunge,
Humberto Maturana e Francisco VareIa (chilenos), Edgar Morin, Henry Atlan,
entre outros.
A contribuição epistemológica do Sistemismo tem sua importância na área da
Comunicação, no campo das Ciências Naturais e no das Ciências Sociais,
permitindo reintegrar os conhecimentos como um todo coerente. Essa nova visão
reconduz o homem a sua posição e ao seu papel no Universo e na Natureza.
Alargar nosso pensamento, em termos de visão sistêmica, nos ajuda a entender a
inter-relação existente entre o sistema humano e o sistema natural (meio
ambiente), bem como as inter-relações existentes dentro cada um desses sistemas
e suas interações com isso, pode-se ter uma idéia de como eles são formados, quais
são suas tendências no futuro, como são organizados e quais são seus
potenciais.
O conhecimento científico passa a ser compreendido, cada vez mais, como uma
rede de concepções e modelos Todas as propriedades dos objetos e fenômenos
estudados resultam da relação entre essas propriedades e delas com outros
subsistemas, num sistema em que só assim fazem sentido. A descrição depende do
observador, podendo ser uma descrição limitada, aproximada e sujeita a ser
reformulada ou superada por outra mais abrangente.
A proliferação
das disciplinas tem expandido o saber humano, principalmente a partir da
revolução científica, e acelerado o ritmo das inovações crescentes. Torna-se
difícil, assim, para o educador, a completa e constante atualização na sua área
de atuação, em que o papel mais destacado tem sido o da informática na
organização e na estrutura do ensino atual. Com base na visão sistêmica, a
proposta é que o professor organize e problematize conteúdos de modo a promover
o desenvolvimento intelectual do aluno na sua construção como ser social. A
idéia mais freqüente é que os conteúdos sejam divididos em blocos, tais como:
Vida e Ambiente, Ser Humano e Saúde, Terra e Universo, Tecnologia e Sociedade,
a serem desenvolvidos no decorrer dos níveis de ensino, de acordo com a
capacidade de compreensão dos alunos. Nesse caminho, aponta-se que os conteúdos
trabalhados por temas facilitam o trabalho interdisciplinar em Ciências. Nesse
sentido, convém salientar que são muitas as denominações que resultam a partir
de iniciativas dessa natureza: currículo transdisciplinar, interdisciplinar,
multidisciplinar e pandisciplinar, que representam diversos modos possíveis de
abordar a relação homem-mundo na trama do conjunto do conhecimento humano.
Vamos rever
brevemente esses conceitos?
A transdisciplinaridade
diz respeito ao que está, ao mesmo tempo, entre as• disciplinas, através
das diferentes disciplinas e além de todas as disciplinas; seu objetivo é a
compreensão do mundo presente, e visando à unidade do conhecimento.
A interdisciplinaridade
diz respeito à transferência de métodos de uma disciplina a outra; recorre
a urna conexão entre disciplinas, engendrando unia integração real e urna troca
enriquecedora de conhecimentos, na medida em que revisitam os métodos umas das
outras e os seus próprios, em uma determinada abordagem.
A multidisciplinaridade
diz respeito a uma justaposição de várias disciplinas em função da
realização de um determinado trabalho, sem implicar coordenação ou um
relacionamento mais profundo entre as mesmas; ou seja, é o estudo de um objeto
sob diversos ângulos, mas sem pressupor um acordo ou um rompimento de
fronteiras entre as disciplinas.
A pandisciplinaridade
(pan=totalidade) visa a uma representação do conhecimento como um todo,
apresentando inumeráveis dimensões para dar conta das relações entre os
elementos da realidade complexa e não claramente distinta, o que permite que a
representemos por um sistema complexo.
A questão, porém,
é a de que a consciência desse caráter, seja interdisciplinar, transdisciplinar
ou outra denominação, numa visão sistêmica, não ignore o caráter
necessariamente disciplinar do conhecimento científico e complemente motive e
promova, efetivamente, a inter-relação entre os fenômenos. Nessa direção, nos
últimos anos, em particular no Brasil, várias têm sido as iniciativas tomadas
para dinamizar currículos que possam ser efetivamente aplicados e que superem a
apresentação tradicional de conteúdos de forma seqüencial e linear. Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), por exemplo, e outras propostas
estaduais, trazem indicativos de como é possível construir currículos que
apresentem um caráter que os aproxime da pandisciplinaridade, sendo este
currículo uma representação de todas as possíveis relações entre as partes do
conhecimento construído pelo homem.
A concepção
sistêmica pode ser um importante, e não o único, e decisivo meio de desenvolver
princípios unificadores que conectem e interconectem o universo das Ciências
individuais, aproximando os alunos da unidade da Ciência, desde que a realidade
apreendida seja dinâmica, não fragmentada, percebida de forma histórica e com
fundamentos restritos a múltiplas dimensões da realidade natura) e social. É necessário, para que o sistemismo avance como concepção
que oriente nosso trabalho com as Ciências Naturais, que nós, educadores,
ampliemos o nosso foco de análise, buscando integrar diferentes aspectos do
fenômeno que queremos conhecer ou que precisamos apresentar as nossas crianças.
Isso exige, sim, um caráter inter e multidisciplinar (ou outra denominação) em
nossa investigação e em nossa reflexão sobre o tema tratado, integrando
necessariamente disciplina e outros quadros teórico-conceituais e
metodológicos, para que não pensemos o mesmo como um sistema que determina e é
determinado por dinâmicas mais ou menos conhecidas e esperadas, portanto, de
forma determinística. Assim parece ter sido a prática de ensino de Ciências na
escola.
Refletindo sobre
essas questões, nos damos conta de que precisamos trabalhar com as crianças,
desde muito cedo, para que se percebam integrantes, dependentes e agentes
transformadores do ambiente, sendo capazes de identificar seus elementos e as
interações entre eles, contribuindo ativamente para a melhoria do meio
ambiente. Ao mesmo tempo em que enveredamos por tal caminho, também estamos
possibilitando que os alunos possam tornar-se “alfabetizados em ciências” por
proporcionar-lhes a oportunidade de pensar de forma crítica sobre conceitos
científicos de que ouvem falar e de questioná-los. Desse modo, estaremos
contribuindo com nossos alunos para a construção de uma “nova” forma de
entender os fenômenos que ocorrem no dia-a-dia, em sua dinamicidade (sejam eles
físicos, químicos, biológicos ou sociais), levando em conta não apenas as
relações causais entre elementos ou subsistemas componentes, mas
considerando-os em relação ao sistema como um todo. Assim acontece, por
exemplo, quando desejamos que nosso aluno compreenda que a Terra é um planeta
dinâmico e que a relação entre os seus oceanos, a atmosfera e a vida terrestre
é incrivelmente complexa. Essa conquista implica em que nosso aluno averigúe e
‘destrinche’ a relação que é interessante não apenas para a Ciência, mas
crucial para a nossa sobrevivência finura.
Mas você deve
estar se perguntando: como proceder? É preciso, sobretudo, conceber a vida como
um todo unitário, pois isso nos dá uma nova visão e a possibilidade de
percebermos fenômenos e detalhes que nos escapam no estudo de diferentes
aspectos da realidade. Nesse caso, é importante que o meio seja entendido como
um conjunto de elementos, fenômenos, acontecimentos, fatores e/ou processos de
diversas naturezas que nele ocorrem e onde a vida, de modo geral, e a ação das
pessoas têm lugar e adquirem significado. É fundamental, no entanto, não esquecer
que, embora o meio desempenhe um papel que influencia sobremaneira a vida, a
experiência e a atividade humana, esse meio sofre, ao mesmo tempo,
transformações contínuas mediante essa ‘troca’ recíproca.
É essencial que o
aluno conheça o meio, partindo da observação e da análise dos fenômenos, dos
fatos, enfim, de situações que o permitam melhor compreender tais fenômenos e
fatos, mediante sua conseqüente intervenção crítica. Intervir criticamente deve
significar para o aluno que ele é capaz de analisar e conhecer as condições e
as situações em que somos afetados pelo que acontece no meio, significando,
também, intervir no sentido de modificar esse meio, o que implica em processos
de participação, organização, defesa, respeito etc. em relação a este. Lembramos
que os alunos trazem para a escola um conjunto de idéias, preconceitos,
representações, disposições emocionais e afetivas e modos de ação próprios. A
partir dessas condições, o aluno é gradativamente conduzido à compreensão, à
reelaboração, à tomada de decisões e à construção de uma linguagem
progressivamente mais rigorosa e científica. Nessa perspectiva, o fato de
conhecer melhor o meio pode dar origem a inquietações de caráter pessoal e/ou
social que envolvam a necessidade de resolução de problemas, a concepção e o
desenvolvimento de projetos e a realização de atividades investigativas, entre
outras. Essas experiências implicam e, ao mesmo tempo, potencializam situações
de observação e análise, de comunicação e expressão, de intervenção e até, porque
não, de trabalho de campo, apontando para iniciativas de permanente pesquisa e
experimentação.
Ao proceder dessa forma, é fundamental que você se utilize de métodos
ativos, em situações de observações e de experimentação, em situações
artísticas (músicas, desenhos), lúdicas (jogos, brincadeiras), literárias
(textos, historinhas, rodas de contos) etc., para que os alunos se interessem
pelo conteúdo e superem abordagens fragmentadas, buscando a
interdisciplinaridade ou multidisciplinaridade (relacionando o conteúdo
estudado a diferentes saberes disciplinares e considerando as diferentes formas
de aborda-lo). Para o desenvolvimento dessa prática, torna-se fundamental que
você envolva seus alunos no planejamento e execução de experiências elementares
e investigações que podem realizar, partindo do seu cotidiano, de fenômenos que
lhes são comuns, de questões que os preocupam, de experiências vividas em
trabalho de campo (como passeios e visitas que podem ser feitos dentro e fora
da escola), de conceitos que lhes são prévios e da sua representação, no
intuito de ampliar e rever esses conceitos, bem como de introduzir conceitos
novos.
Importante: seus alunos sempre estão em contato com a natureza (em
casa, no caminho de casa para a escola, na praia, no sítio etc.) e é preciso
melhor aproveitar esses momentos. Levar as aulas de Ciências, restritas à
sala-de-aula, para a vida prática do aluno, onde ele possa experimentar, ver,
tocar, ouvir, cheirar, provar; motiva e complementa seu aprendizado em sala de
aula e contribui para a formação científica inicial e melhor entendimento do
que as Ciências Naturais estudam (objetos, seres, fatos e fenômenos da natureza
como um todo, suas características específicas e sua relação uns com os
outros). Esses espaços, bem utilizados, assim como a apresentação de questões
do cotidiano cujas respostas precisam da Ciência, o estabelecimento de
comparações entre o modo como vivemos hoje com o que vivíamos no passado
(referência à vida dos pais ou avós das crianças) e a discussão dos problemas
relacionados ao meio ambiente apóiam o ensino de Ciências. É de grande valor,
também, oferecer aos alunos a realização de atividades investigativas que lhes
permitam apropriar-se de procedimentos científicos básicos para construírem
conceitos e estabelecerem ligações entre eles de forma a compreenderem os
fenômenos e os acontecimentos observados, desse modo, possibilitando um melhor
conhecimento, compreensão e domínio do mundo que os rodeia.
Consideramos que é preciso, urgentemente, trabalhar Ciências Naturais com
crianças, reconhecendo que a análise sistêmica em si é muito interessante para
se estudar os sistemas físicos e vivos, para que estes não estejam limitados ao
que é básico saber sobre eles; daí a importância representa recorrer a quadros
teóricos e metodológicos nas diferentes disciplinas para, de forma multi ou
interdisciplinar e integrada, dar conta da complexidade dessas relações.
Essa iniciativa pode conduzir à necessária integração na educação
científica. Tudo parece representar um esforço para estabelecer laços entre
idéias e teorias enunciadas desde campos muito distintos do conhecimento, bem
como um esforço para buscar formas de relação entre teoria e prática e, por
último, para estabelecer relações entre profissionais procedentes de diversos
campos, com um entusiasmo comum: o de contribuir com seu esforço intelectual,
sua cultura e seu compromisso pessoal para colaborar na troca entre o social, o
educativo e o meio ambiental. Estudamos uma concepção que vem tendo grande
repercussão junto ao Ensino de Ciências. Esperamos que essa concepção tenha
trazido novidades a você e que você se sinta motivado a aprofundar seus
conhecimentos sobre ela. Vamos, agora, aplicar o que você aprendeu.
ATIVIDADE 1 - COMENTADA
A vida, um sistema muito dinâmico!
Esse assunto é extremamente interessante! A vida se mantém graças à troca incessante de matéria e energia.
Considerando que o pensamento sistêmico - ou visão sistêmica - representou uma profunda revolução na história do
pensamento científico, como você conceberia, de uma nova forma, a resposta para
tais questionamentos: O que são Produtores e Consumidores? Por que há presas e
predadores na natureza? Por que uns animais são herbívoros e outros,
carnívoros? Porque outros, ainda são tanto carnívoros quanto herbívoros (ou
seja, são onívoros)?
_________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Comentário: na abordagem sistêmica, as partes (subsistemas) só fazem sentido e só podem ser entendidas a partir da visão inicial de um todo muito dinâmico, ou seja, não há subsistemas isolados. A unidade de todas as coisas, porém, não significa que não haja diferença entra elas; Por isso, a análise pode ser deixada de lado. Aquilo que denominamos partes ou subsistemas é apenas um padrão numa teia inseparável de relações. Os organismos vivos, sejam as presas e os predadores, enquanto herbívoros,carnívoros ou onívoros, são sistemas abertos porque precisam ser realimentados pelo fluxo contínuo de matéria e energia obtida a partir de suas trocas com o meio ambiente e da sua relação uns com os outros, constituindo um sistema complexo. Isso não acontece numa ordem linear, numa relação do causa-efeito, como é normalmente, colocado nos livros didáticos, exemplificado ABAIXO.
Capim ® gafanhoto ® lagarto ® cobra
Trata-se aqui de uma cadeia alimentar como se fosse uma seqüência simples, linear de simples transferência de energia entre os organismos de comunidade, passando numa relação de causa-efeito do produtor aos outros seres vivos da cadeia. Ora, o próprio ato de alimentar-se desses seres, por exemplo, ti uma atividade continua, complexa e altamente organizada, fora dos padrões de compreensão mecanicista. A análise, nesse caso é necessária, sim, pois significa ‘especificar’ alguma coisa a fim de entender, por exemplo, qual o papel do produtor nesga cadeia; mas, é necessário ir alem, pensando sistemicamente, o que significa colocar essa cadeia em um contexto mais amplo, explicando as coisas a partir da interação sistêmica entre componentes, do contexto de múltiplas relações. Os seres, cm todos os níveis, são sistemas vivos interagindo, redes em que cada ‘nó’ representa um organismo na perspectiva do todo. Precisamos entender as transformações que ocorrem nesse vasto sistema, para entender a dinâmica da própria vida.
ATIVIDADE 2 – RESPONDA
Cite exemplos de conteúdos e atividades
que podem ser desenvolvidas de modo:
- Multidisciplinar:
- Interdisciplinar:
- Transdisciplinar:
- Pandisciplinar:
Obs. Não esquecer de justificar porquê
se enquadram em cada modelo pedagógico.

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